quinta-feira, 19 de março de 2009

Saramago e estrabismo

Saramago (caricatura «picada» daqui) continua a «tresler», como por aqui na Maia se dizia. O seu estrabismo político é notório. Não sei se os seus óculos são comprados em Penafiel, mas que parecem, lá isso parecem.
No seu «Caderno de Saramago» publica textos amavelmente reproduzidos no Diário do Governo, perdão, Diário de Lisboa.
Um dos últimos, intitulado «A democracia num táxi», destilava ódios antigos contra Berlusconi, sob a capa de uma certa diminuição de Democracia por uma das suas propostas que visaria agilizar processos na Assembleia.
Depois de tiradas pseudo-irónicas de mau gosto, que tão bem assentavam a ele próprio, Saramago tem pérolas literárias como : «Os representantes dos maiores partidos, três ou quatro, digamos, reunir-se-iam num táxi a caminho de um restaurante onde, ao redor de uma boa refeição, tomariam as decisões pertinentes. Atrás de si teriam levado, mas deslocando-se em bicicleta, os representantes dos partidos menores, que comeriam ao balcão, no caso de o haver, ou numa cafetaria das imediações. Nada mais democrático. De caminho poderia mesmo começar a pensar-se em liquidar esses imponentes, arrogantes e pretensiosos edifícios denominados parlamentos e senados, fontes de contínuas discussões e de elevadas despesas que não aproveitam ao povo».
Semprepretendendo ser irónico, Saramago torna-se patético.
É que, curiosamente, não me lembro de ver Saramago ironizar com a falta de democracia representativa na sua amada Cuba. Ou na antiga União Soviética. Ou na Coreia do Norte. Não me lembro nunca de o ter visto criticar Estalie ou verberar contra a ditadura do proletariado. Nem me lembro, e isto é bem recente, de o ver criticar os desejos totalitários de Hugo Chávez, querendo eternizar-se, pelo voto «popular», na cadeira do poder.
Mas, claro, quando se é vesgo, vê-se uma coisa por um olho e outra por outro…

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