domingo, 29 de março de 2009

Um espectáculo fabuloso


Assisti ontem a um espectáculo fabuloso.

No Coliseu, evocando a 2ª Invasão Francesa, uma encomenda da Câmara Municipal do Porto e do Prof. Valente de Oliveira ao Cónego Ferreira dos Santos.
Na primeira parte, a Suite «l'Arlesienne» de Bizet foi «aperitivo» de grande qualidade, produzindo o efeito desejado – a preparação para o prato forte.
Este era um Poema Coral Sinfónico, intitulado «Portugal». Ferreira dos Santos «agarrou» Fernando Pessoa e construiu uma obra fabulosa, em três partes – uma trágica, outra lírica, e a final, heróica.
A batuta era a do mestro Cesário Costa com uma prestação espectacular, misto de segurança e enorme entusiasmo (como deve estar orgulhoso o meu Amigo Francisco Barbosa da Costa, seu Pai). Ele interiorizou completamente as notas de Ferreira dos Santos, como se suas fossem, e conduziu as centenas de pessoas que estavam sob o seu comando com enorme mestria. Parecia que o unia aos músicos e aos coralistas uma teia de fios invisíveis.
Porque havemos de ir sempre buscar maestros ao estrangeiro quando os temos cá tão bons ou melhores? Por simples parolismo? Por bacoquice? Porque não sucedeu Cesário Costa a Marc Tardue?
Em palco um coral constituído pelo Círculo Portuense de Ópera e pelo Coro Polifónico da Lapa e uma Orquestra oriunda da Orquestra Clássica de Espinho e da Banda Sinfónica Portuguesa. Nas alas laterais do Coliseu, 20 coros do Porto e Gaia. Nas frisas, a secção de metais. Ao todo 700 pessoas.
Júlio Couto, antes de cada parte, recitava um poema, como só ele sabe fazer.
Voltarei a este assunto porque a peça de Ferreira dos Santos o merece.
Sempre vos direi que se tratou de um espectáculo virtualmente irrepetível e que por isso me sinto um enorme privilegiado.

Pela boca morre o Queirós

Ri de quê?


Sobre Carlos Queirós (porque é que insistem em Queiroz como o Eça?) já escrevi muitas vezes sempre o mesmo. Considero que ele pode perceber de estatísticas, pode ler muitos livros, pode falar mais ou menos bem, mas de futebol no campo não percebe nada. Foi campeão do mundo porque soube não estragar o trabalho que então dois clubes (FCP e SCP) desenvolveram, criando duas equipas juniores fabulosas. De resto, nunca provou nada em lado nenhum. Nem no Manchester, onde se limitou a ser um criado do verdadeiro artista Ferguson.
Esta semana, antes de um jogo deciivo, e depois e mais uma prestação fraca, vai de dizer que 2009 será o ano da selecção. Uns dias depois, ontem, empatamos com a Suécia. Desculpa-se com o azar. Vieira de Carvalho dizia que só os néscios acreditavam no azar e na sorte. Eu digo que como o peixe o néscio do Queirós morre pela boca. Já lá diz o povo – o calado é o melhor.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Mário Machado, a investigação e a justiça

Que fique bem claro, detesto Skinheads e Mários Machados que, além do mais, se dizem nacionalistas sem saber o que isso é.
Posto isto vamos à questão. Mário Machado foi detido, sob acusação de, e cito o Diário do Governo, perdão, Diário de Notícias: «um disparo a tiro contra a perna de um indíviduo dos "Hells Angels", embora este último, segundo o causídico, negue os factos e não tenha apresentado queixa contra o líder nacionalista».
Várias coisas me fazem torcer o nariz a esta detenção e às suas circunstâncias. Pelo que se depreende da notícia, o homem foi preso ontem às treze horas e terá sido ouvido hoje às dez. Não havia hipótese de o ouvir ontem durante toda a tarde? E como é que se prende alguém e só várias horas (até já ouvi falar em seis) é que ao advogado é comunicado o facto, mesmo assim sem lhe dizerem qual a acusação? E se não houve queixa, como é que o alegado caso está a ser investigado? Não haverá casos bem mais graves e realmente importantes (corrupção, grande criminalidade) onde realmente todos somos queixosos e todos somos prejudicados que mereçam o esforço da PJ que sempre se queixa de falta de meios? Quem é que prioriza o que deve (e pode) ou não deve (ou não pode) ser investigado?
Claro que tudo isto me faz ainda mais torcer o nariz depois de saber que Mário Machado terá divulgado diversos documentos altamente comprometedores para o já célebre tio de Sócrates, ligando-o a milhões de euros, a off-shores, etc., sem ter sido inclusive desmentido pelo banco que aí é citado.
Destes socráticos já tudo se espera e, por isso, já de tudo se desconfia.
Que raio de País este com tão má investigação, tão má justiça e tão má orientação de ambas…

MEMÓRIAS DE UMA MAIA DE OUTROS TEMPOS - Moreira (3)

Moinhos no Rio Leça


Localização original da Capela dos Passos, no Padrão de Moreira

Saramago e estrabismo

Saramago (caricatura «picada» daqui) continua a «tresler», como por aqui na Maia se dizia. O seu estrabismo político é notório. Não sei se os seus óculos são comprados em Penafiel, mas que parecem, lá isso parecem.
No seu «Caderno de Saramago» publica textos amavelmente reproduzidos no Diário do Governo, perdão, Diário de Lisboa.
Um dos últimos, intitulado «A democracia num táxi», destilava ódios antigos contra Berlusconi, sob a capa de uma certa diminuição de Democracia por uma das suas propostas que visaria agilizar processos na Assembleia.
Depois de tiradas pseudo-irónicas de mau gosto, que tão bem assentavam a ele próprio, Saramago tem pérolas literárias como : «Os representantes dos maiores partidos, três ou quatro, digamos, reunir-se-iam num táxi a caminho de um restaurante onde, ao redor de uma boa refeição, tomariam as decisões pertinentes. Atrás de si teriam levado, mas deslocando-se em bicicleta, os representantes dos partidos menores, que comeriam ao balcão, no caso de o haver, ou numa cafetaria das imediações. Nada mais democrático. De caminho poderia mesmo começar a pensar-se em liquidar esses imponentes, arrogantes e pretensiosos edifícios denominados parlamentos e senados, fontes de contínuas discussões e de elevadas despesas que não aproveitam ao povo».
Semprepretendendo ser irónico, Saramago torna-se patético.
É que, curiosamente, não me lembro de ver Saramago ironizar com a falta de democracia representativa na sua amada Cuba. Ou na antiga União Soviética. Ou na Coreia do Norte. Não me lembro nunca de o ter visto criticar Estalie ou verberar contra a ditadura do proletariado. Nem me lembro, e isto é bem recente, de o ver criticar os desejos totalitários de Hugo Chávez, querendo eternizar-se, pelo voto «popular», na cadeira do poder.
Mas, claro, quando se é vesgo, vê-se uma coisa por um olho e outra por outro…